Dois dias depois de ter decolado, suspenso por mil balões de festa coloridos, o padre Adelir de Carli continua desaparecido, e as buscas foram intensificadas nesta terça-feira, 22, no sul do litoral de Santa Catarina. Fiéis e equipes de resgate estão confiantes de que o padre, que pretendia quebrar o recorde de permanência no ar com balões preenchidos por gás hélio, será encontrado com vida.
Após a partida, às 13 horas de domingo, da cidade paranaense de Paranaguá, onde o padre é responsável pela Pastoral Rodoviária, ele foi surpreendido por um forte vento que o levou para o oceano.
Inicialmente, as buscas se concentravam na costa da cidade de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, mas agora as equipes de resgate se voltam mais para o litoral sul catarinense. "A gente acha que pode estar mais perto de Penha e Piçarra. A corrente está forte", disse por telefone João dos Santos Junior, subcomandante do Corpo de Bombeiros em São Francisco do Sul.
Duas aeronaves do Exército e da Polícia Militar, embarcações da Marinha e pescadores de região, além dos bombeiros, participam da operação de busca do padre. Restos de balões foram encontrados por diversas partes da costa catarinense. "Achamos que ele ainda está vivo, há muitas ilhas na região", acrescentou o subcomandante.
A viagem do padre tinha como objetivo também despertar a atenção para a Pastoral Rodoviária, projeto idealizado por ele para promover apoio aos caminhoneiros que chegam ao porto de Paranaguá. Ele pretendia levantar fundos para a obra de construção da sede do projeto.
De acordo com o site da Pastoral, De Carli tem experiência em esportes de aventura, como montanhismo, mergulho, pára-quedismo e vôo livre de parapente.
Antes da tentativa de quebra do recorde de 19 horas voando com balões de festa cheios com gás hélio, o padre realizou um teste bem-sucedido em janeiro. Ele decolou de Ampère, sua cidade natal, e pousou em território argentino após 4 horas e 15 minutos de vôo.
"Ele viu um americano que vôou 19 horas carregado por balões. E como o nosso pároco é arrojado, ele disse que dava para ficar mais tempo no ar", afirmou por telefone Denise Gallas, coordenadora da Pastoral Rodoviária de Paranaguá.
O último contato do padre com a Pastoral aconteceu às 19h40 de domingo, quase sete horas após a decolagem. O padre ligou do telefone celular para passar as coordenadas de onde estava e pedir para que entrassem em contato com as autoridades.
Na hora da partida, o tempo estava fechado e chovendo, mas o padre alegou que as nuvens estavam baixas e que ele logo passaria por elas, de acordo com a coordenadora. "O vento deu um reverso e levou ele para o mar", disse Denise, acrescentando que o padre estava numa cadeira inflável e levava água, barras de cereal e cápsulas energéticas. Carli pretendia seguir rota para oeste do Estado do Paraná, mas foi levado pelos ventos para Santa Catarina, ao sul.
"Isso não foi nenhuma loucura, ele é arrojado. Nós temos certeza que ele está vivo e será resgatado. Ele é uma pessoa muito determinada, com grande capacidade física e mental. Ele fez um planejamento muito grande desse projeto", acrescentou a coordenadora.